terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DIA DO AMOR

Intitulado como o Dia do Amor, hoje, 14 de fevereiro, me instiga traçar algumas linhas neste blog. Entendo o quanto é arriscado falar de um tema constantemente debatido por profissionais credenciados, mas não consigo evitá-lo. Pois em matéria de amor, existe o certo, o errado e todo o resto. Todo resto é o que nos assombra e nos entorpece: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, as regras quebradas ou adotadas certinhas demais.




Portanto, nesta data, não vou dizer para sair perdoando e beijando seus inimigos, mas para amar a si, porque amamos cada vez mais para alcançarmos a nós mesmos.



E afinal de contas, que dia é esse que devemos amar, sendo que deveríamos fazer isso como algo trivial do dia-a-dia, assim como escovar os dentes, tomar banho e sair para trabalhar, deveríamos também manter o olhar carinhoso, a fala mansa, o gesto agradável, o abraço, o beijo, a compreensão. Lembre-se o que já foi dito neste blog, "não existe amor e sim, provas de amor", só acreditamos no que notamos.




Estudos confirmaram a necessidade de pelo menos cinco ações positivas de um indivíduo para equilibrar uma ação negativa, portanto uma forma de fortalecer os relacionamentos seria garantir que os positivos superem de longe os negativos. Quando a interação acontece de forma carinhosa e gentil, é bem mais fácil desconsiderar eventuais desavenças.


Sendo assim, não desejo um bom dia do amor e sim, uma vida repleta deste.



O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão…
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.
São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.




“O que me dói” – Fernando Pessoa

Guerra e Paz



Painéis de 14 metros de altura alojados no Memorial da América Latina preencheram meus olhos com reminiscentes tons azuis e dourados. Dedicado à humanidade, Guerra e Paz representa, segundo Cândido Portinari, sua melhor façanha e não hesito em acordar com esta alusão.

Por mais incrível que pareça, suas obras são quase impossíveis de serem contempladas pelos brasileiros. Situada no Hall de entrada da Assembleia Geral em Nova York, os monumentais painéis do artista plástico nascido no interior paulista, estão em local nobre, com acesso restrito e só devemos sua exposição no Brasil graças a uma reforma geral no edifício sede da ONU.

Oportunidade como esta é um convite para a vida, pois a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos, que nos atingem pelo meio da pintura, escultura, dança, música, literatura ou dramaturgia. A arte se encarrega de alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para impedir repetições e provocar um estranhamento diante o inusitado, para satisfazer o seu dia, fazê-lo meditar e resgatá-lo do banal, do trivial de existir sem qualquer encantamento.

Conselho de hoje? Dance, leia, escute, escreva, veja...sinta!


"O que está dentro de nós, nos domina. O que está fora é dominado pela nossa mente"
Lacan

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OVERDOSE DE REALIDADE


Dizem que uma superdose de realidade pode desmoronar um ser humano. De fato, muitas pessoas fraquejam com o seu excesso.

Viva as válvulas de escape. Conseguir achar graça nas pequenas coisas da vida é a grande sacada e há sempre um caminho, uma janela ou porta que abrimos para suportar os tormentos alojados na nossa mente, cravados na nossa memória. Afinal, como segurar a onda? É válido fugir para se reencontrar, pois cada um de nós tem o compromisso de esquadrinhar um jeito menos burocrático de existir, porque rotina pura demais mata aos poucos e ninguém que eu saiba gosta de viver no modo automático.

Mas a realidade tem seu magnetismo, é essencial ao crescimento humano. É melhor encará-la de frente do que maquiá-la toda vez que sair de casa, não precisamos fugir a sanidade para suportar o medo da morte, que para muitos é a solidão e para outros tantos, a rotina e por isso, é comum nos agarrarmos à ilusão de sentir prazer nos bens materiais e em outras futilidades. No entanto, a morte é a nossa única e inabalável certeza e sendo assim, dedicamos todos os dias a tentar nos salvar. Porem, fugir em demasiado, também é nos matar, porque a realidade pode ser uma maneira mais bonita de se despedir diariamente, de aproveitar alguém, de conhecer de fato um ambiente e enxergar as cores como verdadeiramente são.

Pessoas procuram tratamento psicanalítico para esquecer coisas que as magoam, pedimos a Deus para nos ajudar a livrar das inquietudes do coração, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar do jeito certo. Precisamos colocar os pensamentos nos eixos, corrigir a rota, dar a dimensão exata e aprender com eles. Presentear-nos com a possibilidade de acertar as coisas, completar as lacunas novamente. Lógico que não poderemos apagar o passado, mas podemos de certa forma, reparar o que foi feito errado.

De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tristes e saber que existe uma fuga para nos ajudar a encarar isso com menos impacto, porque o mundo lá fora é libertador, mas também apavorante.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

HOJE E DEPOIS DE HOJE



Diga-me com sinceridade, qual foi o melhor momento da sua vida?


A resposta que esperava das pessoas era “agora”, afinal vivemos e aprendemos para chegar aqui e somos fruto das sementes que plantamos, este é o melhor momento porque o vivo e sinto. No entanto, ninguém respondeu algo similar.

Por quê? Simplesmente porque não estamos acostumados com os imprevistos, fatalidades e sempre esperamos “o momento perfeito”, sem choros, sem perdas e quando percebemos, ele já passou. Se eu te perguntasse isso na época titulada como o melhor momento de sua vida, será que me responderia “agora”?

Corremos atrás de fórmulas novas e nos apegamos em antigas idéias quando deveríamos nos dedicar mais a reforçar certas verdades.

O fato é que a vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios e nas surpresas e até mesmo nas alterações de sua rota ocorridas por um olhar nunca percebido ou por uma palavra nunca dita que por fim, você escutou. Tudo é improvável, pois, por mais que façamos escolhas, elas só se mostrarão acertadas ou catastróficas lá adiante.

Somos aprendizes e ao mesmo tempo afortunados, porque nascemos e nos foi dado a chance de existir, de nos relacionar e fazer tentativas. O sentido de tudo isso? Fazer parte, simplesmente. Tudo que precisamos, ora, é viver.


Contudo, entre viver e sobreviver há um precipício, e poucos encaram o salto, o certo é não se acorrentar ao que não voltará, e apesar do medo paralisar, provoca o desejo diante uma decisão crucial: Viver hoje ou deixar para mais tarde?
Com isso, me lembrei de um artigo de Vinícius de Moraes que falava de seu maior ritual: zerar-se. Começava e terminava um casamento, uma vida em Paris ou uma temporada em Salvador. O importante era renovar seus votos a cada dia. Tudo isso devia ter um custo emocional altíssimo, mas segundo ele, valia à pena o momento presente. “Vai, vai, vai viver e que esta vida seja infinita enquanto dure”, então... pulamos!

Hoje sugiro que você troque experiências, troque risadas, troque mimos. Resgate afetos. Não é preciso chegar ao momento-limite para se dar conta disso. O enfretamento das pequenas mortes que acontecem na vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouquinho a cada dia e em todos eles devemos procurar um final bonito antes de partir.
Amanhã? Será apenas o depois de hoje.



E no final das contas não são os anos em sua vida que contam. É a vida nos seus anos.

Abraham Lincoln