Sentia-me parte da platéia batendo palmas para minha mãe deste momento tão imponente de sua juventude enquanto ouvia essa história. Desde minha pré-adolescência aprendi a enxergar a verdadeira beleza das pessoas e devo isso aos preciosos ensinamentos maternais. Uma pena que grande parte da população não usufrua de tal sorte e precise de “padrões sociais pré-estabelecidos de beleza” para julgar o belo.
Posto que a beleza seja a arma mais proveitosa da amargura e delírio narcisista humano, somente se tornará uma chave para a arte de viver e amar quando não for utilizada para seu próprio beneficio.
Lembrei-me agora da historia de Medusa, da Mitologia Grega.
Linda, porém se aproveitava da extraordinária formosura para encantar, seduzir e abandonar. Gabando-se aos quatro cantos do mundo uma beleza superior a de Atena- deusa da sabedoria, foi castigada pela ofensa. Assim, Atena transformou seus cabelos em serpentes, que hipnotiza para abocanhar e lhe deu olhos que petrificassem, pois seu olhar paralisava para matar e não amar. Afinal o feminino sempre foi mais que o encantatório, a doçura dos cabelos e a mágica do olhar de uma mulher são artilharias por excelência do poder de sedução.
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Temida por muitos que não tem coragem de enfrentá-la, Medusa simboliza a ignorância de um indivíduo que recusa o que não se iguala a ele. A covardia humana. Primeiro rejeita-se uma pessoa para depois entender suas diferenças.
É na reflexão que existe o segredo para vencer a Medusa, perder o medo do desconhecido.
Nesta sociedade repleta de Medusas, assim como na mitologia, o antídoto contra este mal é aprender a refletir, que significa respeitar a diversidade e dar ao outro o direito de ser como ele é e não como eu acho que ele deve ser. Enxergá-lo em primeiro lugar como humano e respeitá-lo como tal.
Esta é mais um história da arte de amar. É uma forma de recriar o que é mais real de tudo, o que não é visível aos olhos, mas ao coração, que revela a beleza de respeitar e de se revelar ao outro.
Impossível não finalizar com Exupéry :“O essencial é invisível aos olhos”.
Pense nisso!
Dayane Salvador
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