“…Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas, Para aumentar com isso a minha personalidade. Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija. Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras, Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo Do que as que vi ou verei. Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações. A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos. Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca. …”
(Fernando Pessoa)
Costumo dizer que todos os dias eu me alimento de Fernando Pessoa. Ele me rouba preciosos minutos de lazer, em contrapartida me fornece infinitas reflexões.
Quem me conhece sabe o quanto o admiro. Não é pra menos, olha essa citação, ele me conhecia antes mesmo de eu nascer, tenho certeza!Ele escreveu isso e pensou “Estas palavras serão manifestações de seu coração pro mundo, inspirei em você garota!”.
Estou citando Pessoa neste momento porque estava revirando minhas gavetas digitais e o encontrei de forma respeitosa em meu antigo blog.
Lá eu citava
“A gente sempre acha que é Fernando Pessoa", não é mesmo verdade?Sempre queremos guardar as pedras atiradas para construir castelos, sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo, realizar em si toda a humanidade de todos os instantes e num só momento difuso, profuso, completo e longínquo. E como também conservo em mim todos os sonhos do mundo, decidi expor alguns deles aqui. Afinal a ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas. Não que eu seja uma artista, mas como nosso célebre amigo Pessoa proferiu: “Viver não é necessário. Necessário é criar”. E é isso que estou fazendo aqui, criando! Não uma obra de arte, mas a oportunidade de saber quem eu verdadeiramente sou.
Impressionante! Sempre que começava a escrever meus pensamentos, desistia meio do caminho. Vinha-me a idéia de não estar agradando aos leitores e mudava a direção da rota. Desta vez, manterei o rumo.
Reflito se Fernando Pessoa cometesse tão despropósito. Que falta ele não faria à literatura! Claro que ele não estava preocupado em agradar ou desagradar “príncipes” quando escreveu o Poema em linha reta , por exemplo. De certo manteve uma opinião e desabafou. Com isso, ele de fato não agradou muitas pessoas, mas com certeza ganhou o mundo!
O que precisamos e gostamos não são textos frios, mas àqueles regrados de muita emoção. Precisamos emprestar personalidade à tudo para nos destacar num ambiente apático e costumeiro. Quantas vezes você não reparou em trechos mal escritos, em frases tortas rasurada num caderno ou até mesmo nas declarações esculpidas em bancos de praça e emprestou humanidade àquele momento?Eu já e por isso digo “ o que é sincero e tem sentimento, tem potencial!
Outra coisa que aprendi de mais valioso nesses 29 longos anos de existência é que única pessoa que devo agradar de fato sou eu, e o que vier da vida, é lucro! Portanto, Dá-me lírios, lírios e rosas também!
Dayane Salvador
Imagem: Sue Dias
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