sexta-feira, 13 de maio de 2011

FECHAR CICLOS E LEVANTAR O TAPETE DA VIDA.

Transcorreram-se alguns meses desde que fui embora de Minas Gerais. Todavia, de tempos em tempos, pensamentos imprecisos desfalcam minha concentração, do tipo “como estaria minha vida se não optasse pela mudança”? Entretanto, esse alento reminiscente ligeiramente se emerge. Se existe uma verdade permanente em todos os ensinamentos conferidos pela experiência que adquiri até agora, ela é: “fechar ciclos”, considerada por mim, a mais fundamental ao arquitetar uma nova história. Chamo de “ciclos” os atrelamentos cotidianos, seja de aspecto profissional, pessoal ou psicológico que preenchem a vida, tornando-se responsáveis pelo bem-estar subjetivo. Cada ciclo é uma fonte de crescimento, podemos repartir a nossa vida em diversos ciclos e aprender muito com eles.

Para mim, é imprescindível fechar antigos ciclos para se adotar uma nova atitude de viver. Todas as relações devem ser devidamente resolvidas para se começar outras, de forma que eu possa “matar o Buda caso o encontre pelo caminho[1] ”, ou seja, serei dotada pelo sentimento de gratidão e carinho, mas é preciso matar o mestre internamente para que não haja necessidade de olhar para trás e assim, admirar apenas “o que” ou “quem” está ao meu lado ou à frente sem levar uma punhalada de pendências passadas. Por este motivo que estou aqui, encarando o meu passado de frente!
Não pense que é fácil, sempre tive dificuldade para afrontar ocorrências que remetem lembranças, sejam boas ou ruins. Não que eu seja insensível, apenas não me sinto confortável. Pode ser o resultado da minha criação. Sou filha de militar e adolesci sabendo que ao dizer a frase “tchau, foi bom te conhecer, quem sabe um dia a gente se encontre novamente...”eu viraria a esquina sabendo que jamais veria aquela amiguinha, vizinho, casa ou escola.

Já cometi muitos erros, mas aprendi com todos eles e devido a isso eu sei que, ao “empurrar para baixo do tapete” dificuldades, emoções, desejos e ate mesmo necessidades somente acumularei frustrações. Logo, encarar os fatos e livrar-se da culpa é levantar o tapete da vida.

Estar nesta casa novamente, numa espécie de “odisséia intima”, dedicando um tempo comigo mesma e revendo todas as dores, medos e crises, eu agradeço porque me transformei, amadureci e sobretudo, porque me tornei uma pessoa menos imperfeita. Até mesmo os meus parentes e amigos que me decepcionaram nessa jornada, agradeço, porque agora posso seguir meu caminho sem a culpa de deixá-los para trás.

Certa vez li num livro de Augusto Cury duas estratégias interessantes: identificar cada pensamento negativo nos primeiros cinco segundos para que haja tempo de ser deletado e a segunda tática seria reeditar arquivos antigos. E colocando em prática essa dica de Cury mais o primeiro mandamento intitulado por mim, de “ser eu mesma”, estarei no caminho certo. Porque estou reciclando lembranças, curtindo minhas recentes expectativas, apetecendo por novas sensações e me concentrando naquilo que escolhi para mim. Idéias adversas não têm espaço aqui.
Neste momento estou feliz, porque sei que minha vida estaria estagnada no mesmo ponto de onde parti e do mesmo modo sei que ninguém consegue prosperidade na vida enquanto estiver preocupada com a felicidade dos outros. O bom é sentir minha existência, independente se o gramado do vizinho é mais verde. Posso dizer que neste instante, estou plantando novas sementinhas e rosas no meu jardim.

De todos os caminhos que optei, jamais cheguei à perfeição que estava cobiçando, mas mesmo assim, eu me tornei uma pessoa melhor pelo esforço, e alguém mais feliz do que seria se não tivesse tentado. Por isso, vivo cada dia de uma só vez, degusto todos os instantes e acima de tudo trago fé de que tudo que existe no mundo promove meu crescimento espiritual.




[1] Referencia da postagem anterior “Se encontrar Buda no Caminho, mate-o”. Alusão sobre um discípulo que ama tanto Buda, que existe a possibilidade de que este se torne sua última barreira. É preciso matar o mestre para que não haja necessidade de olhar para trás e possa estar totalmente só.

2 comentários:

  1. Oi flor, vim retribuir a visita lá no meu cantinho, adorei o blog e o post sobre desintoxicação. Vc escreve incrivelmente bem... Parabéns! Com certeza seremos boas amigas! Estarei te acompanhando! Bjokas

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  2. Lindo, inspirador e libertador...sinto o cheiro fresco da liberdade como uma gota de orvalho pela manhã.

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